Revista Zimbro
by Amigos da Serra da Estrela
 

2025-02-07

Águas de Portugal

Águas de Portugal

 

Palavras chave

agua  florestas  zezere  
 

Nos últimos tempos os portugueses têm ouvido pronunciar com mais acuidade os termos: caudais, nível das albufeiras, períodos longos de seca, falta de precipitação, denotando uma preocupação para os problemas da falta de água. Não se pense que, apesar de o Algarve e o Alentejo, serem as províncias mais pronunciadas, que as questões da escassez da água, é uma exclusividade destas províncias.

Entre nós, não há Município que durma tranquilo e não procure soluções que lhe garanta um futuro sem sobressaltos. Desde a proposta de barragens, ao arrebanhar de toda a água das nascentes que deslizavam pelas encostas (favorecendo a vida das plantas e a humidade dos solos), aos furos artesianos nos rios principais, tudo tem vindo a ser explorado para que fique garantido o abastecimento à população. Sobre as perdas de água nos sistemas de abastecimento, apontadas para 20 a 30% da maioria dos casos, pouco ou nada tem sido feito, e era onde se deveria apostar mais e melhor. Também nas políticas de sensibilização para a necessidade da poupança da água, se tem investido muito pouco sendo necessário uma aposta forte. Por vários motivos, para poupar o que é vital para o ser humano e demais seres vivos mas, também, para que se comece a generalizar uma nova consciência nos cidadãos, para a problemática da água, na sequência das alterações climáticas.

As populações, já não vão ao chafariz buscar a água de que necessitam, como outrora o faziam, nas vilas e aldeias da Serra, não havendo hoje família que não tenha, felizmente, água canalizada em sua casa. Este serviço, inicialmente prestado pela Câmara ou Junta de Freguesia, depressa se foi alterando, à medida que os interesses se começaram a mexer, vendo na água um produto de excelência e fundamental para os cidadãos. É uma luta que ainda não parou entre os que defendem que a água deve ser pública e os que querem que seja privada, utilizando cada parte a defesa com os seus argumentos.

Parece não existirem dúvidas de que se as bacias hidrográficas estiverem bem protegidas por florestas, e não nuas ou mal arborizadas, como se pode observar ao longo dos rios, a probabilidade de garantir mais água, com melhor qualidade, recuperando solos e evitando que estes se degradem, é indiscutível.

Não restam dúvidas de que a água se vem revelando um bom negócio para as empresas que a gerem, julgando nós ser do interesse de tais empresas, a garantia que ela possa manter-se disponível e em quantidade, e na melhor qualidade possível. Nesta onda de raciocínio não entendemos como tem sido possível que as empresas que detêm a exclusividade da distribuição e comercialização da água, não sejam chamadas a apoiar a reflorestação das vertentes que banham os cursos de água, quando são os principais afectados pelo estado das mesmas e os mais beneficiados se as encostas estiverem bem florestadas?

Por exemplo, as encostas do alto Zêzere, a montante de Manteigas, precisam de árvores, onde existem precisam de gestão, pelo que seria interessante que as Águas de Portugal pudesse colocar nas suas acções programáticas, o apoio na reflorestação das encostas por onde corre a água que depois vão vender. Pensamos mesmo que o deve fazer como um compromisso, ético e de princípio por uma causa que lhes diz directamente respeito.
Esperemos que o nosso apelo possa ter eco junto das diversas empresas que têm na água o seu principal negócio, em particular as que operam na área da Serra da Estrela.

 
 
 

 

Comente o artigo

0 Comentários


Contactos | Ficha técnica | Política de privacidade

© 2025 Revista Zimbro

made with by alforreca

Siga-nos