2024-12-23
Palavras chave
educacao pessoasO mundo está numa ebulição perigosa e complexa, de grandes incertezas quanto aos países e aos povos.
À frente do nosso olhar são-nos mostradas realidades que não imaginávamos poder acontecer em pleno século XXI. Deparamo-nos com um mundo cada vez mais instruído e global, onde a barbárie contra populações indefesas, nomeadamente, crianças, predomina. É evidente que o jogo de interesses continua a revelar-se mais importante que o nível de evolução sócio-cultural dos povos, que tem menos força que as armas e as guerras. O mundo está muito perigoso! A melhor forma de minimizar o risco para o abismo em que caminhamos e, em particular, a Europa, a que pertencemos, é não deixarmos de ser cidadãos activos, mais propensos para a política participativa, para que o campo dos profissionais desta nobre função se sintam mais co-reponsabilizados, com ética e mais diligentes na informação aos os seus eleitores, de maneira a garantirem o cumprimento da função para que foram eleitos com dignidade.
Entre nós, que vamos podendo desfrutar da tranquilidade do aconchego serrano, as preocupações são de outra índole, onde a vida das pessoas não é posta em causa, mas a vida da serra, essa sim, é motivo para que fiquemos alerta. Se quisermos deixar o património natural, cultural e social, bem assim como a qualidade do ambiente que nos foi legado, no estado em que o recebemos – já não digo melhor – às gerações futuras, é fundamental que redobremos a atenção e sejamos mais interventivos. Caso contrário, os sinais que detecto são motivo para todas as apreensões. A chegada de pessoas novas ao poder autárquico, de quem não se conhece uma linha que identifique um pensamento em matéria de conservação e do que pensam dever ser a gestão de um Parque Natural, é motivo de muita apreensão. A vontade de mostrar serviço, de provar que são melhores que os seus antecessores, estão patentes nas declarações, nas intenções e nos compromissos que vamos lendo, de uma gravidade atroz para o futuro da Serra da Estrela, enquanto Área Protegida com o presente estatuto.
Existe uma contradição, pelo menos é assim que o sinto, entre o gosto que as pessoas manifestam pela Serra e a importância que esta representa para essas mesmas. Uma coisa é sentir a Serra, pensar nela enquanto corpo fisíco, emprenhado de vida, de vital importância para os que nela habitam, acima de tudo, para os que vivem nas planícies distantes e nem sonham quão importante é a sua conservação, para o seu “bem-estar”. Outra coisa, é o meramente gostar da Serra, o ser transeunte e viver um “afecto de passagem”.
Se quisermos continuar a usufruir e a partilhar dos momentos agradáveis que a Serra nos permite, temos de o fazer com inteligência e gestão cuidada.
O frio que na quadra festiva se aproxima, faz dos lares serranos o melhor abrigo para o recolhimento, em que o crepitar das lareiras nos enche de prazer. É, de facto, um bom momento para a reflexão, para colocar os assuntos que verdadeiramente importam na ordem do dia. A reflexão não tem data nem hora marcada, mas o ambiente criado pelo aconchego do calor irradiante das lareiras tem os ingredientes necessários para que reflictamos sobre nós e sobre tudo o que está à nossa volta. O mundo precisa desse exercício e a Serra da Estrela não lhe fica atrás.
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