2024-11-09
Palavras chave
acores estrategia pocoA Azores4travel é uma empresa radicada na ilha açoriana de São Miguel. Os responsáveis pela mesma, um casal que personifica a simpatia e a paixão pela natureza, dedicam a sua actividade profissional ao desenvolvimento e promoção do turismo nos Açores, principalmente através de caminhadas. Para isso, e numa tentativa de promoção dos percursos açorianos nas redes sociais, produzem vídeos do maior interesse para diferentes públicos-alvo.
Em 2022, fizeram uma visita à Serra da Estrela e percorreram duas veredas: a da Abitureira/ Aguilhão e a do Poço do Inferno. A existência destes percursos, cuja divulgação realizada pela Azores4travel (1) procurou dignificar a sua qualidade, foram erguidos ao maior detalhe, da base ao topo, pela nossa Associação.
A Vereda do Poço do Inferno foi a primeira a ser construída, pois desde cedo reconhecemos o seu potencial no âmbito do Turismo, em particular, para os interessados em explorar a Serra da Estrela a pé. Como valor inerente a todas as acções da ASE, a sustentabilidade da Serra foi sempre tida em conta e em momento algum foi necessário considerar as eventuais consequências da construção de veredas para a região. Por outro lado, o mesmo não se verifica no que diz respeito à realidade actual, que se marca pela falta de visão estratégica, de sensibilidade, e de conhecimento, tantas vezes desprovido da componente prática, essencial à compreensão do território e que vai muito além do que se aprende nos livros.
Sobre o Poço do Inferno, tivemos já a oportunidade de reunir com o presidente da Câmara Municipal de Manteigas, esperando que desse encontro possam desenvolver-se acções concretas, nomeadamente, na reparação da vereda do PR1, bem assim como na melhoria do potencial subjacente aos circuitos pedonais.
Infelizmente, e com profunda mágoa o afirmamos, o Poço do Inferno é, actualmente, sinónimo de abandono, um espaço sem vigilância, sem apoio e sem mais-valias para a população de Manteigas, que, por sua vez, não tem ousadia para perspectivar um futuro mais digno e protegido para este local, que promova um desenvolvimento sustentável, em prol da natureza, e rentável, em prol da economia e da população.
Lamentamos a construção de mais um elemento estranho, que tem tanto de destruidor como de desnecessário, numa localização cujo potencial natural é independente de qualquer construção deste cariz. A pedra que dava forma e criatividade a este afloramento rochoso foi retirada – a “Pedra do Camelo”. Uma novidade que assenta na inutilidade, especialmente se pensarmos que a mesma não oferece nada de novo nem acrescenta quaisquer benefícios ao local. Aliás, este varandim, construído em material reciclado, permite-nos admirar o que já era possível sem a sua presença. Não seria, de longe, mais interessante limpar a rocha das pinturas grafitadas que a danificam, ao invés de a danificar ainda mais, retirando-lhe a sua constituição original?
Mais uma vez acrescentamos que as obras que se vão verificando manifestam muito mais as ideias desadaptadas e o desconhecimento evidente e crescente acerca da região do que uma visão enquadrada com as verdadeiras necessidades da região.
Na mesma linha de pensamento, defendemos a reconstrução do bar erguido pelo Senhor António Coelho de Campos no mesmo local, uma edificação que aguentou de pé décadas a fio e que representava a simbiose perfeita na paisagem do Poço do Inferno. Na verdade, a título de homenagem ao homem que, há 74 anos, a 8 de Junho de 1950, teve autorização para o erguer. Tratou-se de uma figura ímpar na promoção do Turismo no concelho de Manteigas, com uma visão de fazer inveja aos actuais investidores, bem como a todos aqueles que outorgam as suas obras.
Como já tivemos oportunidade de referir, há muito a fazer na área do Poço do Inferno e o que menos precisa é de interferências como as que denunciámos neste artigo.
Referências
(1)
Defesa ambiental | 2024-11-09
Defesa ambiental | 2024-11-09
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