2024-11-09
Palavras chave
editorialHá alguns anos, perguntava-me uma mulher francesa qual a melhor época para visitar a Serra da Estrela. Na altura era Verão, estava um calor animador e a Serra cumprimentava visitantes por todo o lado. Não tardei a encontrar uma resposta para lhe dar, que teve tanto de subjectiva como de satisfatória.
– No Verão, como pode ver, as lagoas chamam por nós; no Inverno também vem muita gente para ver a neve e a paisagem é completamente diferente; e na Primavera nem se fala, as árvores e as flores ficam todas em flor; mas o Outono… no Outono não há tela mais linda que as cores vivas da Serra. Olhe, o melhor é vir o ano inteiro!
De facto, qualquer estação tem a sua magia na Serra da Estrela e facilmente compreendemos a necessidade de nos adaptarmos aos desafios próprios de cada época. O Outono, porém, discreto e independente, é a prova mais evidente de que a Serra da Estrela não existe apenas no Verão, nem apenas no Inverno. As cores outonais revelam a gradualidade, a mudança inevitável e constante das coisas, a efemeridade e a beleza dos ciclos. A intensidade dos caudais e a queda suave das folhas convidam-nos a reflectir sobre a riqueza constante que a Serra tem para oferecer.
É por isso que é inacreditável – e inaceitável, por consequência – que numa Serra como esta as pessoas que nos visitam o façam, ano após ano, sempre na mesma altura. Até quando é que a promoção da Serra continuará a ser localizada no tempo e no espaço? Até quando é que continuaremos a mostrar que não conseguimos fazer mais e melhor que aquilo que as administrações florestais nos legaram? Defendemos convictamente que se comece a reconhecer a importância de dispersar o turismo nesta região, contrariando a pequena mancha, saturadamente procurada, que em nada dignifica o valor que a Serra da Estrela tem para nos dar.
Defesa ambiental | 2024-11-09
Defesa ambiental | 2024-11-09
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