Revista Zimbro
by Amigos da Serra da Estrela
 

2024-07-18

Os “Riscos” – Potenciais canais de escoamento

Os “Riscos” – Potenciais canais de escoamento

 

Palavras chave

baldios  floresta  riscos  
 

Quem olhar atentamente para as encostas rasgadas por caminhos florestais, percebe com facilidade os que mereceram o cuidado com o sistema de drenagem e os que não. Nestes, são visíveis uma quantidade anormal de sinais de escoamento das águas pluviais, por falta do sistema de condução das mesmas para as linhas de escorrência naturais. Esta realidade acentuou-se quando se começaram a abrir caminhos sem quaisquer critérios, muito menos com projectos devidamente pensados a eles associados.

Estamos a referir-nos a situações levadas à prática pelos Serviços Florestais à revelia do que era a gestão cuidada de outros tempos, de proceder ao levantamento topográfico para se delinear a melhor opção, porque a falta de verbas sentia-se e a necessidade de fazer mais e depressa era muita. Os militares e as autarquias ampliaram esta realidade.

Estávamos a avaliar uma situação passada, complicada e de realização a conta-gotas. O que sucedeu o fogo de Agosto de 2022 transformou as vertentes num caos sem remédio que o tempo se encarregará de dramatizar. Ao contrário das boas intenções – acreditamos que sim, que a ex-Ministra Mariana Vieira da Silva referiu, de que a Serra iria ficar melhor, não cremos que vá ser assim. As encostas varridas pelo fogo foram sujeitas a uma selvajaria tal que não há bem que as remedeie. O pior disso é que estamos a escrever sobre uma realidade que parece não preocupar as entidades com responsabilidades sobre ela – ICNF, Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Baldios, muito menos do cidadão comum que se motiva por preocupações mais prementes.

Se o fogo andou por onde quis, as empresas e os particulares que compraram as árvores e as retiraram fizeram pior, cometendo autênticos crimes nas encostas por onde as chamas passaram. Os “riscos”, as trilheiras abertas sem escrúpulos pela maquinaria pesada, muitas vezes para retirar meia dúzia de árvores transformou as vertentes em autênticos canais de escoamento. Por muito que a vegetação rasteira nos queira tapar os olhos, a realidade está lá e vai continuar, ainda mais actualmente, transportando as parcas terras que cobriram a camada superior e davam suporte à vegetação. Infelizmente, não há solução para resolver o problema que foi criado.

Poderá ser feito um grande trabalho para minimizar os estragos causados pela retirada da madeira, mas para isso seria preciso que o material lenhoso, sobrante, fosse usado para fazer o enchimento dessas rilheiras, travado por estacaria ou pequenos muretes e aguardar que o tempo se encarregasse da sua gestão. Mas até nisso se pensou pouco, ou, melhor dizendo, não se pensou de todo, porque o material sobrante tem sido “aspirado” e levado para onde o dinheiro terá mais peso que a conservação do património natural. A gastar desta maneira, não há serra que aguente.

 
 
 

 

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