Revista Zimbro
by Amigos da Serra da Estrela
 

2024-06-10

Que fazer com as casas dos ex-guardas florestais?

Que fazer com as casas dos ex-guardas florestais?

 

Palavras chave

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A Câmara Municipal de Manteigas anunciou a intenção de proceder à recuperação de algumas casas dos ex-guardas florestais.

De acordo com a notícia, a ideia é procurar aproveitar estes edifícios (entre eles, a casa dos Covais e a do Poço do Inferno), para aproveitamento turístico de apoio aos percursos pedestres, fundamentado no projecto Estrela Green Hub, em parceria com a Associação Geopark Estrela, no âmbito da medida “Regenerar e Valorizar Territórios – Incêndios 2022”.  Dada ao realidade actual da Serra da Estrela e que a maior parte das intervenções recentes na região estão em grande parte relacionadas com as consequências do incêndio de 2022, convém realçar que nenhum dos edifícios enunciados sofreu quaisquer consequências directas do incêndio referido.

O problema das casas dos ex-guardas florestais é um tema complexo, não sendo fácil encontrar uma solução fora do âmbito para que foram construídas. Já tivemos oportunidade de nos debruçar sobre estas construções anteriormente, em que apresentámos um ponto de vista que defende a dificuldade para encontrar um propósito que seja interessante fora do âmbito para que emergiram, quer pela complexidade da sua gestão, arquitectura e dimensão para outros fins que não os originais, bem assim como o risco do seu isolamento.

Continuamos a pensar que algumas dessas casas poderão continuar a cumprir a função para que foram edificadas, estudando muito bem as que melhor poderão desempenhar o serviço de vigilância e gestão dos espaços florestais, necessariamente alargando a sua área de influência, uma vez que é possível, actualmente, obter melhores resultados, porque os meios disponíveis são muito diferentes daqueles que dominavam a época em que foram construídas. Não nos parece que seja difícil arranjar quem as ocupe para desempenhar a missão florestal, desde que lhes sejam garantidas as condições que os guardas florestais não tinham na altura e que estiveram, aliás, na origem do seu abandono.

Os abrigos, tal como os conhecemos por essas montanhas da Europa, têm um historial mais que solidificado, não nos parecendo que tenhamos algo a acrescentar àquilo que já foi testado. Neste sentido, não gostaríamos de ver as duas casas que a Câmara Municipal de Manteigas se dispôs recuperar seguir o caminho de outras que esta edilidade reverteu com fundos comunitários, não tendo nenhuma delas cumprido o papel que lhes foi destinado, à semelhança dos casos do Solar da Castanha e do Museu Etnográfico.

Se se quiser evoluir para captar um potencial mercado como o que existe no continente europeu, ao nível do pedestrianismo, a Serra da Estrela precisa de se infraestruturar de uma forma inteligente, sábia e coordenada. Infelizmente, não é isso que temos vindo a observar e o esbanjar de recursos para obras de futuro muito incerto tem sido uma constante. Esperamos estar errados na análise a que nos propomos.

 
 
 

 

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