Revista Zimbro
by Amigos da Serra da Estrela
 

2024-01-03

Poucas árvores para tanta vontade!

Poucas árvores para tanta vontade!

 

Palavras chave

arvores  florestacao  
 

Nos dias 14 e 16 deste mês natalício, demos continuidade às plantações que, desde 2007, temos vindo a realizar nas áreas ardidas da Serra da Estrela.

Foi também a partir daquele ano (2007) que percebemos as dificuldades que os organismos públicos ainda enfrentam para lidar com organizações como a ASE, que não estão sob o seu poder ou orientação. Há uma linha ténue que distancia a relação entre dois órgãos distintos – num prato da balança, a partilha de experiências com objectivos comuns; no outro prato, a tentativa de dominar quem por direito organiza e coordena uma actividade ou Associação. É, justamente, no âmbito da organização e coordenação de acções que a ASE tem provado as suas competências, manifestando, aliás, abertura para envolver todas as entidades nas acções que promove, sendo este um predicado que sempre nos honrou. Porém, se não tem havido participação oficial directa, há-que compreender a ausência das entidades em causa; mas esse é um estudo que não nos cabe fazer.

Perante a inércia que se verifica relativamente às plantações das áreas ardidas, onde não haja vias que permitam o acesso a veículos, tomámos como missão promover os esforços necessários para que se alcancem essas regiões. Em boa hora, a Força Aérea Portuguesa aceitou o desafio, colaborando com o apoio de um helicóptero para o transporte das plantas e outro material necessário. Trata-se de um apoio que não tem quaisquer custos acrescidos, uma vez que as aeronaves devem cumprir um número mínimo de horas de voo para garantir a sua manutenção. Como tal, este apoio através do transporte de plantas é um trabalho de extrema utilidade e pertinência, e um catalisador de benefícios a vários níveis, nomeadamente, no que à sociedade e ao seu bem-estar concerne.

Constata-se, também, a frequência de construção de novas estradas, ou, melhor dizendo, de cicatrizes nas encostas da montanha, por tudo quanto é sítio. As mesmas representam uma ameaça e um perigo iminente para a preservação do Património Natural, bem como as consequências que a degradação desse património tem para a promoção de um turismo que se prenda com a qualidade e excelência.

Após a ocorrência do incêndio de Agosto de 2022, a ASE promoveu as diligências e os contactos necessários para que se procedesse à plantação em zonas de difícil acesso onde, do nosso ponto de vista, é prioritário plantar. A alteração do modelo de co-gestão do território baldio de Verdelhos para a auto-gestão do mesmo criou problemas nas nossas pretensões, tornando-se inviável plantar, apesar de legitimados pelo Conselho Directivo do Baldio.

No corrente ano, tendo presente as enxurradas sobre Vila de Carvalho, procurámos o diálogo com a União de Freguesias de Cantar Galo e Vila de Carvalho, para proceder à plantação nas linhas de escorrência da área envolvente do Covão do Teixo. Em boa hora o fizemos, visto que a ideia foi imediatamente aceite, tendo os contactos oficiais ficado a cargo da União de Freguesias, enquanto a ASE se encarregou com a vertente operacional.

Neste sentido, obteve-se a autorização dos Baldios necessária à acção de reflorestação – condição pedida pelo ICNF à citada União de Freguesias (cremos que poderá ser interessante o trabalho futuro que se possa vir a desenvolver com os Baldios e a União de Freguesias de Cantar Galo e Vila de Carvalho). Contudo, e embora a logística de todo o planeamento subjacente a esta acção estivesse a correr como esperado, parecem ter começado a surgir alguns obstáculos ao processo, logo após ter sido desvendado o papel da ASE nesta operação. Não tivesse ocorrido, em 2007, uma situação semelhante, e não estaria a ASE familiarizada com este tipo de tratamento proveniente pelos demais organismos…

Pois bem, a operação do passado dia 14 de Dezembro deu-se sem quaisquer imprevistos, marcada pelo profissionalismo de todos os envolvidos. O mesmo se deu dois dias depois, aquando da plantação das árvores que haviam sido estrategicamente colocadas pela Força Aérea nas áreas delineadas a priori. O que se lamenta, de facto, é que tenham ficado 44 cuvetes (~1700 árvores) no viveiro da Malcata, que não puderam “voar”, nem ter um destino digno como seria o caso da sua plantação no dia 16, como era a vontade e propósito dos voluntários presentes.

Actualmente, procuramos uma solução que se possa conjugar com os voluntários inscritos, a sua base de apoio, uma vez que vêm de longe e precisam de alojamento e de acessos para transportar as plantas, pois não se trata, nesta fase, de apoio/ transporte aéreo. A questão que se coloca, no entanto, reside apenas em quem não se encontra preparado para os desafios que a sociedade tem pela frente, adoptando condutas que não privilegiam as verdadeiras necessidades sociais e ambientais.

 
 
 

 

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