2024-01-03
Palavras chave
barragem edp electricidade estrelaA propósito dos 100 anos de uma das mais antigas Centrais hidro-eléctricas do país, a Central da Ponte de Jugais, na Serra da Estrela, a EDP evoca em comunicado esse feito, fazendo um breve historial do complexo hidro-eléctrico ali instalado.
Do ponto de vista histórico, é legítimo recuar nos factos históricos, trazendo para as páginas do tempo os nomes dos homens que tornaram possível tais empreendimentos, quando a candeia era a luz que iluminava as casas das aldeias das faldas da Serra da Estrela.
Em 1909, António Marques da Silva, natural de Gouveia, onde era industrial e veio a falecer em 28 de Agosto de 1953, aos 85 anos, funda a Empresa Hidro-eléctrica da Serra da Estrela – EHESE, juntamente com António Rodrigues Frade e Guilherme Cardoso Pessoa, ambos de Gouveia, e António Rodrigues Nogueira, lisboeta. O propósito para sua criação era a produção de energia eléctrica, destinada essencialmente à indústria têxtil, de Gouveia e, em consequência das aldeias, utilizando as águas provenientes das altitudes da Serra.
António Marques da Silva foi, sem qualquer dúvida, o obreiro. Um empreendedor de grande visão e conhecedor da geografia da Serra da Estrela, numa altura em que a informação geográfica era praticamente nula. A EHESE começou por contratar técnicos franceses, que iniciaram, assim, os estudos para a concepção da primeira central, que acabou por vir a ser instalada na Senhora do Desterro, utilizando as águas do Alva, que se formam no Sabugueiro, através da junção da ribeira do Covão do Urso com a ribeira da Fervença. Seia teve electricidade pela primeira vez na data em que esta foi inaugurada – 26 de Dezembro de 1909.
Diga-se que António Marques da Silva não terá tido o trabalho facilitado: tratar das negociações para obter a exclusividade do fornecimento de energia eléctrica a Seia, que obtém por alvará régio em 25 de Setembro de 1908, por um período de 35 anos, fez com que ficasse com a posse das águas do Alva, numa altura em que, sozinho, deu conta do recado.
As necessidades de mais energia, incompatível com o caudal do Alva, levou a que se desse início ao complexo sistema hidroeléctrico da Serra da Estrela, com a construção da albufeira da Lagoa Comprida, cujas obras se iniciaram em 1911, sofrendo várias obras do alteamento do paredão da barragem ao longo dos anos. Em 2013, tinha sido concluído o paredão com 6 metros de altura, garantindo uma capacidade de 1.250.000m3 de água armazenada (actualmente, é de 13,88 hm³). Até 1966 não se voltaram a parar os trabalhos na Lagoa Comprida.
Foi atendendo à altitude e morfologia da Serra da Estrela que António Marques da Silva pensou no aproveitamento hidroeléctrico, composto por um complexo sistema de barragens, túneis e canais, câmaras de carga e condutas forçadas, que canalizam as águas para as turbinais que produzem a energia que chega às indústrias e lares de milhares de cidadãos. Para aumentar a capacidade de armazenamento das albufeiras de onde sai a água para turbinar, foram construídos vários túneis, um com mais de 2 mil metros e outro com mais de mil, e vários canais que transvazam a água de umas bacias para outras para aumentar a capacidade de armazenamento das principais barragens.
Por ordem de construção, são as seguintes barragens existentes, bem assim como a potência instalada:
Senhora do Desterro, 13,20 Mw;
Ponte Jugais, 20,27 Mw;
Vila Cova 23,40 Mw;
Sabugueiro I, 12,80 Mw;
Sabugueiro II, 10,00 Mw;
Lagoa Comprida (EDP), 0,6 Mw.
Do ponto de vista ambiental, os canais têm sido os principais causadores da morte de muitos animais que, uma vez caídos na água, não conseguem sair, afogando-se. Muito tem sido feito pela EDP para minimizar este risco, capeando os canais. Porém, considera-se necessário fazer mais, aliás, com menos prejuízos (obras e custos associados). Congratulamos, ainda assim, o trabalho que tem sido feito sobre esta matéria.
Referências Bibliográficas
https://sao-romao.blogspot.com/2013/11/a-hidroeletrica-da-serra-da-estrela.html
Fotografia de capa: Lagoa Comprida e da Central (Fotografia da EDP)
Defesa ambiental | 2024-11-09
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