Revista Zimbro
by Amigos da Serra da Estrela
 

2023-12-06

Nem sempre o mundo pula para avançar

Nem sempre o mundo pula para avançar

 

Palavras chave

sinalização  trilhos  
 

Há muitas maneiras de atenuar a massificação do Planalto superior, nomeadamente a zona da Torre.

Uma delas, passa por oferecer outras zonas da Serra, com enorme potencial para o turismo, sem que daí resultem impactes para o meio ambiente, com aspectos tão negativos como podemos constatar no ponto mais elevado da Serra da Estrela.

Por outro lado, esta medida pode gerar dinâmicas junto das comunidades, que de forma alguma se verificam com o estado actual do turismo na Serra. Pelo contrário, tem todos os condimentos para que os efeitos na melhoria da vida das localidades e seus habitantes se reflicta negativamente.

A ASE, depois de ter criado um conjunto de veredas no concelho de Manteigas, sem que ousasse inserir o Planalto Superior nesta dinâmica, tem procurado alargar estes objectivos a outra zonas da Serra. Ainda no que ao concelho de Manteigas concerne, nomeadamente, às freguesias de Sameiro e Vale de Amoreira, foram enviadas cartas às respectivas Juntas de Freguesia, para a concepção de uma vereda circular intitulada “Entre Vales”, uma vez que os percursos que existentes não oferecem qualquer motivação aos caminhantes, como seria de esperar. A ideia não deve ter sido bem acolhida, já que, infelizmente, a carta dirigida não foi sequer digna do respectivo aviso de recepção.

Outras localidades e zonas da Serra da Estrela têm sido alvo de análise por parte da ASE. Loriga e Alvoco da Serra, com propostas para tornar mais interessante algumas veredas emblemáticas, mas com alguns pontos muito negativos ao nível da conservação dos solos e, simultaneamente, desinteressantes para os caminhantes. Em Unhais da Serra, chegou-se a apresentar um conjunto de veredas mas, entretanto, a opção da Junta de Freguesia foi outra.

O Vale do Beijames reúne condições ímpares e, como tal, apela uma intervenção que o potencie como um todo. Foi o que se pretendeu com a criação das “Veredas do Vale do Beijames”. Esta iniciativa começou há cerca de 20 anos com a convocatória aos cidadãos para que lhes fosse explicado o que a ASE pretendia – estiveram presentes pouco mais de meia dúzia de indivíduos.

Conseguiu-se, depois, que a Junta de Freguesia, presidida pelo senhor José Morais, entretanto falecido, desse autorização para a construção das veredas. Nessa altura, tinha ficado acordado com a Junta dar algum apoio, nomeadamente, com recursos humanos, areia e cimento para a construção de pequenas obras que urgiam realizar nessa fase.

Nos primeiros três meses, o IEFP financiou três trabalhadores, ficando a ASE com os encargos do seguro e subsídio de alimentação. Durante cerca de dois anos não houve evolução, até que surgiu a oportunidade de se concorrer ao Orçamento Participativo, promovido pela Câmara Municipal da Covilhã. O projecto mereceu a aprovação, por votação dos cidadãos, e o financiamento foi de 30.000 euros, durante um período de seis meses.

O Vale do Beijames tem, presentemente, mais de 30 quilómetros de veredas com possibilidade de ter mais outros tantos. Falamos de veredas muito interessantes para a região que lhes está associada.

Após a ocorrência do incêndio de Agosto de 2022, foi solicitado à ASE que fizesse o levantamento da sinalética destes percursos que tinha sido queimada e destruída pelas chamas. Os dados foram enviados para a Câmara Municipal da Covilhã, dois dias depois.

No dia 21 deste mês, a empresa que ficou ao encargo da colocação da sinalética foi aconselhada a contactar-nos para melhor levar à prática o trabalho que tinham sob os ombros. De imediato nos disponibilizamos e foram colocados os postes direcionais, nos passados dias 22 e 23 de Novembro de 2023. Há, no entanto, três postes e seis placas que, para serem colocados, requerem uma deslocação de vários quilómetros a pé. No que toca ao trabalho desenvolvido nestes dois dias, os trabalhadores puderam aperceber-se da dimensão do trabalho que foi coordenado pela ASE.

Depois do trabalho desenvolvido em benefício de uma população que tem tudo para se tornar num chamariz para o turismo, a mesma ainda não se deixou conquistar. Se assim fosse – e se desse, finalmente, o salto nesta matéria – as placas direcionais que se encontram nas veredas estariam à altura das condições em que se encontram os caminhos. Porém, se por um lado, as placas são recentes e viçosas, as veredas encontram-se, lamentavelmente, intransitáveis.

Nem sempre o mundo pula e avança como é nosso desejo.

José Maia Saraiva

 
 
 

 

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